Mulheres Encarceradas: Considerações Sobre Gêneros, Raça e Saúde

Neste texto busca-se a reflexão acerca da presença de mulheres negras no sistema carcerário brasileiro, que tem aumentado nos últimos anos, sublinhando alguns pontos relevantes sobre a construção hegemônica do ser feminino em contraponto às características deste grupo que se encontra privado de liberdade. Ressalta-se a necessidade de reconhecimento das peculiaridades desta mulher é constituída a partir da intersecção gênero/raça/encarceramento, identificando-se uma categoria que deve ser compreendida com sua conformação, como integral e não desarticulada do contexto do qual surge. Partindo da revisão da bibliografia voltada para o tema e com base nas ações descritas no Plano Nacional de Saúde Penitenciária, que prevê ações de saúde para este grupo argumenta-se que, ainda que o movimento feminista do Brasil seja respeitado e que as políticas de atenção às mulheres, especialmente no campo da saúde, tenham sido fortemente influenciadas por este movimento, quando se trata de mulheres negras em situação de privação de liberdade, existe a necessidade de uma discussão que contemple esta categoria. Há, portanto, um caminho a ser trilhado no sentido da efetivação de práticas, planos, programas e políticas que atendam às necessidades deste grupo intra, mas antes extramuros, e que, sobretudo, esteja articulado e integrado a um projeto verdadeiro de reintegração social, como previsto pelo Ministério da Justiça.

Palavras-Chave: saúde da mulher, raça, feminismos e encarceramento.